Peripécias do novo presidente da Petrobras
Val Marchiori, conhecida socialite e apresentadora, recebeu
um empréstimo do Banco do Brasil de 2,7 milhões a partir de uma linha
subsidiada pelo BNDES, contrariando normas internas das duas instituições.
A socialite tinha restrição de crédito por não ter pago
empréstimo anterior ao BB e também não apresentava capacidade financeira para
obter o financiamento, segundo documentos internos do BB obtidos pela Folha.
A empresa pela qual Marchiori tomou o crédito, a Torke
Empreendimentos, apresentou como comprovação de receita a pensão alimentícia de
seus dois filhos menores de idade. O financiamento, repassado pelo BB a partir
de uma linha do BNDES com juros de 4% ao ano –mais baixos que a inflação–, foi
usado na compra de caminhões. A Torke
não tinha experiência na área de transportes e a atuação da empresa até então
estava relacionada à carreira de Marchiori na TV.
Na condição de administradora com poderes plenos na empresa,
Marchiori tinha dívidas antigas com o BB que representavam impedimento para o
novo empréstimo. Por isso, foi feita uma "operação customizada", ou
seja, sob medida para Marchiori, para liberar os recursos.
Val Marchiori é amiga do presidente do BB, Aldemir Bendine,
que já se tornou presidente da Petrobras. A apresentadora esteve com ele em
duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Em entrevista
à Folha, o ex-motorista do BB Sebastião Ferreira da Silva disse que a buscava
em diversos locais de São Paulo a pedido de Bendine. "Fui buscar muitas
vezes a Val Marchiori", disse ele. Bendine nega qualquer
participação na concessão do empréstimo. Ele reconhece que ficou hospedado no
mesmo hotel que Marchiori nas duas ocasiões, mas diz que a estadia dela não
tinha relação com as missões do banco, que foram coincidências.
Oito dias antes de o BB começar a analisar a operação para a
Torke, Marchiori enviou e-mail a Bendine, jornalistas tiveram acesso, com
perguntas sobre outro financiamento do banco, para empresa do marido da
apresentadora, Evaldo Ulinski.
O papel dos bancos públicos virou tema de debate entre os
candidatos a presidente Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Aécio acusa o
governo do PT de usar o BNDES para financiar empresas aliadas. Dilma defende o
banco, dizendo que 84% dos investimentos da indústria passam pelo BNDES.
A Torke tomou o empréstimo para, imediatamente, sublocar os
caminhões para a Veloz Empreendimentos, que é do irmão da apresentadora,
Adelino Marchiori.
Uma cláusula da linha Finame/BNDES, de onde saíram os
recursos, impede cessão ou transferência dos direitos e obrigações do crédito
sem a autorização do BNDES. A praxe do banco é financiar a atividade-fim do
tomador do crédito.
Banco do Brasil apontou ( na alise de risco) que Marchiori
não tinha como comprovar receita compatível com o empréstimo, que tem prazo de
pagamento de cinco anos. No item "garantias mínimas" para o
financiamento, o banco diz: "Coobrigação obrigatória da administradora
Valdirene Aparecida Marchiori, ainda que sem recursos computáveis
compatíveis".
O irmão e a cunhada de Marchiori, segundo análise de crédito eram os
doadores da operação, donos da Veloz, também não apresentavam recursos para
garantir a operação. Assim, o BB dispensou a comprovação de capacidade de
pagamento da tomadora do crédito e dos fiadores.
" Segundo minha análise , já começa a nova quadrilha da Petrobras,
pois o recém nomeado presidente da empresa já vem atacando a economia
brasileira junto a mulher aqui citada, lembrando que Aldemir Bendine foi
escolhido por Dilma para ocupar o cargo de confiança ... Você acha que dá para
confiar?" Deborah Albuquerque.
Fonte: Gazeta da Semana
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